Pular para o conteúdo
Início » Educação Não Violenta – Review do Livro

Educação Não Violenta – Review do Livro

livro Educação Não Violenta

Educação Não Violenta, escrito por Elisama Santos surge como um guia essencial para pais, educadores e cuidadores que desejam criar um ambiente educativo mais harmonioso, respeitoso e emocionalmente saudável.

O livro se alinha com o movimento crescente de parentalidade consciente, oferecendo uma abordagem que desafia as práticas tradicionais de disciplina, frequentemente baseadas em punições, gritos e autoritarismo, e promove uma educação que prioriza a comunicação empática, o respeito mútuo e o desenvolvimento integral da criança.

..

Ideia Central

A ideia central do livro reside na premissa de que a educação de crianças deve ser baseada na não violência, tanto física quanto emocional.

Elisama Santos defende que a chave para criar filhos emocionalmente saudáveis está na Comunicação Não Violenta (CNV) e na construção de um relacionamento de respeito e empatia entre pais e filhos.

Para a autora, educar não significa apenas ensinar regras ou impor limites, mas sim ajudar a criança a desenvolver um senso de autoestima, autonomia, autodisciplina e resiliência, elementos essenciais para que ela cresça segura de si e capaz de enfrentar os desafios da vida.

A autora explora como as práticas tradicionais de educação, que muitas vezes incluem punições severas e recompensas superficiais, podem ser prejudiciais ao desenvolvimento emocional das crianças.

Em vez disso, Santos sugere abordagens que fomentam a autoestima e a autonomia, ajudando a criança a desenvolver autodisciplina e resiliência em um ambiente seguro e acolhedor.

..

Comunicação Não Violenta: O Pilar da Educação

Um dos principais pilares do livro é a Comunicação Não Violenta (CNV), um conceito originalmente desenvolvido por Marshall Rosenberg, que a autora adapta para o contexto da educação infantil.

A CNV é uma maneira de comunicar-se que prioriza a empatia, a compreensão e a clareza na expressão dos sentimentos e necessidades, evitando julgamentos, críticas e ordens autoritárias.

Elisama enfatiza que a CNV é mais do que uma técnica; é uma filosofia de vida que pode transformar as relações humanas, especialmente a relação entre pais e filhos.

A autora ilustra como a CNV pode ser aplicada no dia a dia da parentalidade, oferecendo exemplos práticos de como os pais podem substituir comandos e punições por diálogos construtivos que ajudam a criança a entender o impacto de suas ações e a desenvolver um senso de responsabilidade.

Por exemplo, em vez de punir uma criança por um comportamento inadequado, a autora sugere que os pais expliquem como aquele comportamento afeta os outros e explorem com a criança alternativas mais positivas.

A CNV também envolve a escuta ativa, onde o pai ou a mãe realmente se coloca no lugar da criança para entender suas necessidades e sentimentos.

Santos destaca que, ao praticar a escuta ativa, os pais não apenas evitam conflitos desnecessários, mas também ensinam às crianças habilidades essenciais para a vida, como a empatia e a capacidade de resolver problemas de forma pacífica.

..

Autoconexão: A Base para uma Parentalidade Saudável

Outro aspecto fundamental abordado por Elisama é a importância da autoconexão.

A autora argumenta que, para educar de forma não violenta, os pais precisam, antes de tudo, estar conectados consigo mesmos.

Isso significa que os pais devem estar cientes de suas próprias emoções, traumas e necessidades, e buscar maneiras de lidar com eles de forma saudável.

Santos sugere que a prática da autocompaixão e da autoconsciência é essencial para que os pais possam educar sem recorrer à violência ou ao autoritarismo.

Quando os pais não estão conectados consigo mesmos, é mais provável que reajam de forma impulsiva e acabem perpetuando ciclos de violência que podem ter experimentado na própria infância.

A autora propõe que, ao investir no próprio bem-estar emocional, os pais estão melhor preparados para oferecer um ambiente seguro e acolhedor para seus filhos.

Esse processo de autoconexão também envolve reconhecer e aceitar as próprias limitações como pai ou mãe.

Santos enfatiza que não existem pais perfeitos, e que todos cometem erros. No entanto, o importante é estar disposto a aprender com esses erros e buscar formas de melhorar continuamente.

A autora encoraja os pais a serem gentis consigo mesmos, praticando a autocompaixão e reconhecendo que a parentalidade é um processo de crescimento tanto para os pais quanto para as crianças.

..

Estímulo à Autonomia: Preparando para a Vida

O estímulo à autonomia é outro tema central no livro.

Elisama Santos destaca que permitir que as crianças desenvolvam sua autonomia desde cedo é crucial para que elas se tornem adultos responsáveis e seguros de si.

A autonomia, segundo a autora, não se trata apenas de deixar a criança fazer o que quer, mas de ensiná-la a tomar decisões informadas e a lidar com as consequências dessas decisões.

Santos sugere várias maneiras pelas quais os pais podem incentivar a autonomia de seus filhos.

Por exemplo, ao permitir que a criança escolha sua própria roupa ou participe das decisões familiares, os pais estão ajudando a desenvolver a capacidade da criança de pensar por si mesma e de entender o impacto de suas escolhas.

Além disso, ao confiar nas habilidades da criança para realizar tarefas apropriadas à sua idade, os pais estão transmitindo uma mensagem de confiança, o que reforça a autoestima da criança.

O desenvolvimento da autonomia também está intimamente ligado à construção de um senso de responsabilidade.

A autora argumenta que, ao permitir que as crianças enfrentem pequenos desafios e resolvam problemas por conta própria, os pais estão preparando-as para enfrentar as dificuldades da vida adulta com mais resiliência e confiança.

..

Autodisciplina: A Chave para o Crescimento Pessoal

A autodisciplina é outro conceito fundamental abordado no livro.

Elisama desafia a noção tradicional de disciplina, que muitas vezes está associada à punição e ao controle rígido.

Em vez disso, ela propõe que a autodisciplina deve ser cultivada através do exemplo e do diálogo.

Segundo a autora, as crianças aprendem a ser disciplinadas não quando são forçadas a seguir regras, mas quando entendem o propósito por trás dessas regras e têm a oportunidade de participar da criação dessas normas.

Santos defende que, ao envolver as crianças no processo de tomada de decisões e ao explicar as razões por trás das regras, os pais estão ajudando a desenvolver a capacidade da criança de autocontrole e de gestão do próprio comportamento.

A autodisciplina também está relacionada ao desenvolvimento da capacidade de adiar a gratificação, um conceito que a autora explora em profundidade.

Santos sugere que, ao ensinar as crianças a esperar pelo que desejam e a trabalhar para alcançar seus objetivos, os pais estão cultivando uma habilidade que será essencial para o sucesso na vida adulta.

..

Resiliência: Superando Adversidades com Apoio

A resiliência, definida como a capacidade de lidar com adversidades e se recuperar de situações difíceis, é um tema recorrente no livro.

Elisama sugere que a resiliência pode ser cultivada em um ambiente de apoio e encorajamento, onde a criança se sente segura para expressar seus sentimentos e aprender com seus erros.

A autora enfatiza que a resiliência não é uma habilidade inata, mas sim uma capacidade que pode ser desenvolvida através de experiências positivas de superação.

Ela sugere que, ao oferecer apoio emocional e encorajamento, os pais podem ajudar as crianças a enfrentar os desafios da vida com mais confiança e a se tornarem mais resilientes.

Santos também discute a importância de permitir que as crianças experimentem fracassos e aprendam com eles.

Ela argumenta que proteger excessivamente as crianças de qualquer forma de frustração ou dificuldade pode, na verdade, enfraquecer sua capacidade de lidar com adversidades.

Em vez disso, os pais devem estar presentes para apoiar e orientar, mas também permitir que a criança enfrente e supere seus próprios desafios.

..

Aplicações na Vida Real

Elisama não apenas apresenta conceitos teóricos, mas também oferece uma série de práticas que os pais podem adotar para implementar a educação não violenta no dia a dia. Essas práticas incluem:

1. Práticas de CNV no Cotidiano

Pais podem começar a aplicar a CNV no dia a dia ao prestar mais atenção na forma como se comunicam com seus filhos.

Isso inclui evitar julgamentos e críticas, focando em descrever o que está acontecendo, expressar como se sentem, e pedir o que precisam de maneira clara.

Por exemplo, em vez de dizer “Você sempre faz bagunça!”, um pai pode dizer: “Eu fico frustrado quando vejo os brinquedos espalhados porque gosto de ver a sala organizada. Você pode me ajudar a guardá-los?”

..

2. Estímulo à Autonomia em Pequenas Decisões

Elisama sugere que dar às crianças a liberdade de tomar pequenas decisões no cotidiano pode ser um grande passo para o desenvolvimento de sua autonomia.

Isso pode ser feito de maneira simples, como permitir que a criança escolha entre duas opções de roupa ou decida qual livro ler antes de dormir.

..

3. Autodisciplina Através do Exemplo

Pais podem modelar a autodisciplina através de suas próprias ações.

Isso significa cumprir com suas promessas, ser consistente em suas expectativas e explicar as razões por trás das regras.

Quando os pais demonstram autodisciplina, as crianças tendem a internalizar esses comportamentos.

..

4. Construção da Resiliência com Apoio

Para construir resiliência, é importante que os pais estejam presentes nos momentos difíceis, oferecendo apoio sem resolver os problemas pela criança.

Isso pode ser feito, por exemplo, incentivando a criança a tentar novamente após uma falha, oferecendo palavras de encorajamento e ajudando-a a refletir sobre o que pode fazer diferente na próxima vez.

..

Conceitos Similares e Referências

1. Parentalidade Consciente

O conceito de educação não violenta tem raízes na parentalidade consciente, um movimento que incentiva os pais a estarem emocionalmente presentes e envolvidos no desenvolvimento de seus filhos.

Ambos os conceitos se sobrepõem em muitos aspectos, especialmente no que diz respeito à comunicação empática e ao respeito pela individualidade da criança.

..

2. Disciplina Positiva

Outra abordagem similar é a disciplina positiva, que se concentra em ensinar habilidades sociais e de vida de forma respeitosa e encorajadora, sem o uso de punições severas.

A disciplina positiva, assim como a educação não violenta, promove a ideia de que as crianças aprendem melhor em ambientes onde se sentem seguras e apoiadas.

..

Orientação para Leitura

“Educação não violenta” é um livro indispensável para pais, educadores e todos aqueles que buscam compreender como criar crianças emocionalmente saudáveis em um ambiente de respeito mútuo e amor.

A obra oferece ferramentas práticas e reflexões profundas sobre a importância de educar com empatia e comunicação, ao mesmo tempo em que desafia as práticas tradicionais de disciplina.

É uma leitura que não apenas oferece conhecimento teórico, mas também inspira mudanças reais no dia a dia das famílias.

..

livro educação não violenta
  • Título: Educação não violenta: Como estimular autoestima, autonomia, autodisciplina e resiliência em você e nas crianças
  • Autor: Elisama Santos
  • Ano de Publicação: 2019
  • Editora: Paz e Terra
  • Número de Páginas: 240
  • Gênero: Educação, Parentalidade, Desenvolvimento Pessoal

..

Este livro é um convite para refletir sobre as práticas de educação que adotamos e como podemos transformá-las para melhor.

Para quem deseja criar um ambiente mais harmonioso e construtivo para suas crianças, “Educação não violenta” é uma leitura essencial.

..

..

Sofia Latussa
Crítica Literária e Colunista do Blog B.F. Conversando sobre…

..

..

>>Outras Reviews

..